30 Jan Marcas com Futuro
Considero-me um observador de marcas, é algo com o qual sinto uma afinidade natural.
Nos últimos 15 anos, quer em termos académicos, quer a nível profissional, tive a oportunidade de contactar de perto com muitas marcas a vários níveis e, quando no final de 2017 tive conhecimento pela primeira vez da Plataforma Digital Marcas Portuguesas, ainda numa fase embrionária, foi bastante óbvio para mim tratar-se de um conceito que fazia todo o sentido e que teria todas as condições para ser bem-sucedido.
2021 começa rodeado de incerteza, os primeiros meses continuarão a ser especialmente difíceis e, por essa razão, acredito ser necessário, para além de assumirmos um comportamento social responsável, fazer um zoom out e pensar para além do momento trágico que estamos todos de certo modo a viver.
De forma resumida, considero existirem três pilares fundamentais para qualquer marca que pretenda verdadeiramente diferenciar-se e construir as bases de uma reputação sólida para o futuro:
✓ Autenticidade, num momento em que estamos a experienciar uma emancipação digital coletiva e em que somos constantemente bombardeados com informação, ter um propósito claro, definir objetivamente o que queremos fazer e de que modo é, na minha opinião, de importância vital.
✓ Criatividade, uma vez mais, num momento em que a concorrência é literalmente global, é fundamental colocar a criatividade no centro de todas as decisões que tenham um impacto direto na forma como a marca é percecionada, embora arrisque até a ir mais longe e afirme que literalmente todas as decisões têm impacto na forma como as marcas são percecionadas, e que o “diabo” estará sempre nos detalhes.
✓ Postura Ética, é a minha convicção que, no longo prazo, fazer o que está certo pelas razões corretas, acabará sempre por gerar dividendos que vão muito para além das métricas puramente economicistas que têm prevalecido nas últimas décadas e, como tal, acredito que as marcas que serão capazes de passar no crivo do tempo serão aquelas que forem capazes de desenvolver a sua atividade considerando verdadeiramente o seu impacto em termos sociais e ambientais.
Em conclusão, é facilmente percetível que muitas das marcas que são aqui referenciadas já têm em consideração muitos destes valores e, em alguns casos, até mesmo todos e, como em 2020 se tornou parte da cultura popular na série “The Mandalorian”, acredito mesmo que este seja o caminho e, acredito sobretudo, que Portugal necessita urgentemente de mais e melhores marcas e, como alguém que conhece razoavelmente a realidade Portuguesa a este nível, penso que seria salutar uma maior cooperação e interação entre a Indústria e as start-ups que estão por trás de muitas das marcas mais interessantes que têm surgido nos últimos anos por cá, pois aquilo que muitas vezes acontece, é do lado da Indústria existir uma grande dificuldade na criação de marcas, pois o foco acaba por estar em outras vertentes do negócio, enquanto que as start-ups por sua vez acabam por ter a sua atividade condicionada por limitações diversas inerentes à sua condição.
Leonel Souto: https://www.linkedin.com/in/leonelsouto/